Shows e Festivais
Gilberto Gil celebra legado com espetáculo emocionante da turnê “Tempo Rei” em São Paulo

Aos 82 anos, Gilberto Gil deu início ao primeiro fim de semana da turnê Tempo Rei em São Paulo com um espetáculo memorável. A apresentação do último sábado (12) no espaço ao ar livre foi marcada por emoção, momentos de reflexão e um clima de celebração. Foram duas horas e meia de show, com mais de 30 músicas na setlist, estrutura cênica caprichada e a presença marcante da família Gil no palco.
Mesmo com um atraso de 30 minutos, o público recebeu o artista com entusiasmo. Gil iniciou o show em meio a uma estrutura em espiral no centro do palco, fogos de artifício e um repertório recheado de clássicos e homenagens. Em tributo a Dominguinhos, interpretou “Eu Só Quero um Xodó”. Em seguida, um vídeo com Chico Buarque introduziu a potente “Cálice”, evocando gritos de “Sem anistia!” da plateia — reação à canção simbólica do período da ditadura militar no Brasil.
A versão intimista de “Cálice” começou com uma linha de baixo eletrônico suave e arranjo de guitarra delicado, que aos poucos foi ganhando corpo com a entrada dos metais e percussão, arrebatando o público formado por diferentes gerações.
Em outro momento marcante, Gilberto Gil relembrou sua ida a Lagos, na Nigéria, para o II Festival Mundial de Artes e Cultura Negra nos anos 1970. O artista interrompeu brevemente o discurso ao perceber um pedido de socorro na plateia, aguardando com paciência a chegada de socorristas antes de retomar a narrativa sobre a transição de Refazenda (1975) para Refavela (1977), álbum inspirado nas comunidades africanas.
O show seguiu em direção ao reggae com “Não Chore Mais (No Woman, No Cry)” e “Vamos Fugir”. Em um trecho mais roqueiro do setlist, Gil declarou: “Não sou roqueiro, mas aprecio o rock”, antes de cantar “Punk da Periferia” — e protagonizar o momento irreverente de mostrar o dedo do meio, como manda a provocação da canção.
Após 1h40 de apresentação, Gilberto Gil sentou-se para tocar “Se Eu Quiser Falar com Deus”, abrindo espaço para participações especiais. Arnaldo Antunes se juntou a ele em “Extra II (O Rock do Segurança)” e Sandy trouxe delicadeza a “Estrela”. Gil apresentou cada integrante com entusiasmo, entre eles Mestrinho, Gustavo di Dalva e Leonardo Reis.
Um dos momentos mais emocionantes veio com a apresentação do filho Bem Gil. “Vem me ajudando muito. Para esse show, por exemplo, ele foi fundamental na regimentação dos músicos, todos amigos dele — e meus também”, disse Gil, enquanto o filho se emocionava. O caçula José Gil também foi homenageado, por ter assumido a bateria no lugar de Pedro Gil, falecido aos 19 anos.
A apresentação contou ainda com a presença de Nara, outra filha de Gil, da nora Mariá Pinkusfeld e do neto João Gil. Em uma cena afetuosa, as duas o ajudaram a se levantar da cadeira antes da reta final do espetáculo. Ao ouvir o público gritar “Eu te amo!”, o cantor devolveu com uma reflexão: “O amor é mais difícil que a morte, porque é exemplo de exercício pleno da vida com todas as dificuldades”.
O encerramento foi à altura da noite: “Toda Menina Baiana” e “Atrás do Trio Elétrico” botaram o público para dançar sob uma chuva de confetes, fechando a apresentação em clima de festa.
Mais do que um show, Tempo Rei se desenha como uma despedida afetuosa dos grandes palcos. Com emoção à flor da pele e a família como pilar, Gilberto Gil transforma sua trajetória em um espetáculo imperdível — um verdadeiro rito de celebração da vida, da arte e do amor.
Foto: Heloísa Lisboa
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